domingo, julho 23

Outro ponto de vista...


Semana passada, saindo de uma comemoração de aniversário no boteco do Piauí na 403 sul, encontrei um amigo meu que procurava uma vaga na respectiva quadra comercial. Entrei no carro dele e fomos estacionar na 402, residencial.

A partir daí, começamos nossa "caminhada noturna de boemia e filosofia"!!! Ele, também estudante de Arquitetura e Urbanismo, e eu decidimos passar na porta do Gate's Pub, logo acima compramos uma cerveja no Piauí e andamos até o Azeite de Oliva (círculo amarelo no mapa). Fizemos isso para ver como estava cada ambiente.

Com isso e com mais uma nova loura gelada na mão, resolvermos caminhar no estado bucólico até o próximo bar que ficaria na quadra seguinte, CLS 404, o Bexiga (círculo verde), resolvemos continuar passando pelo NuCéu (círculo vermelho) seguindo até o tradicional Líbanus (círculo azul). Chegando neste, encotramos uns amigos da Faculdade que nos convidaram para sentar à mesa.

Expusemos a eles nossa situação e discutimos sobre as possibilidades desse real e "imaginário" percurso boêmio.

Digo real porque é fato, ele existe como se pode observar no mapa acima e pra ele ocorrer dependerá da vontade e disposição de cada um ou grupo de pessoas afim de ver mais movimento noturno, interagir e/ou conhecer novas pessoas ou rever velhos amigos, ou seja, estimular um percurso não muito longo e bem iluminado onde já existe barracas de cachorro-quente (círculos roxos) e passarelas de pedestre, havendo assim uma troca muito maior entre cidadão e cidade, vivendo de uma maneira diferente, deixando o carro um pouco de lado e favorecendo a copresença nas vias de Brasília, porém de sua maneira peculiar, com mais natureza e menos caos das selvas de pedra.
Descrevo também a contradição seguida do real, o imaginário entre aspas, porque para muitos existe, quer dizer persiste, a preferência cômoda de sentar num mesmo lugar e ficar, por horas e horas. O que também não deixa de ser prazerozo dependendo da companhia, mas existem pessoas e pessoas e aqui tento alertar as que gostam de perambular e ver e viver...

Em sumo, o que escrevo aqui é uma maneira de ver a nossa cidade diferente, podemos ter outras percepções e o que proponho nesse texto é apenas um modo que pode ser mais divertido de vivenciar Brasília, passeando por mais lugares numa mesma noite, sem ter que colocar a mão no volante. Estarei vendo outros passeios como esse. Quem quiser ajudar é só postar... E quem quiser ver com outros olhos é só mudar o ponto de vista.

Shalom.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esse seu percurso mostra que a presença de bares e restaurantes, e por que não dizer, das invasões e da proliferação dos comércios informais (barraquinhas de cachorro-quente) pode ter o seu lado positivo. É preciso, às vezes, deixar de lado nosso discurso técnico de arquiteto, e aprender a viver a cidade, a perceber o que nela nos agrada e o que dela podemos aproveitar. As invasões favelizaram a Asa Sul, mas será que não houve mesmo nenhuma contribuição?? E esses barzinhos, que podem até ter comprometido o caráter local do comércio, não agradam a nós, moradores e usuários? Não se tornaram "esquinas", como as de qq cidade tradicional? Não melhoraram a copresença, favorecendo o encontro das comunidades das superquadras??
E, no próximo percurso, repare como muitos restaurantes e bares se "abrem" para as superquadras...

Talvez, se pudéssemos reparar um pouquinho no que a comunidade faz, e conciliássemos com nossos conhecimentos técnicos, a possibilidade de um projeto urbano mais acertado seria maior...

Não podemos ficar cegos, surdos e mudos diante das transgressões que estão acontecendo na cidade, mas antes de combatermos tais mudanças, devemos avaliar a situação criticamente: porque elas aconteceram, como aconteceram e se algo de positivo existe, para propormos algo que não seja apenas uma utopia, mas uma realidade benéfica à cidade e aos seus cidadãos...

Beijos, Alessandra

Anônimo disse...

vamos flanar pela cidade!

Alexandre Pierrard disse...

Fala Robert,
A possibilidade de largar o carro para passear a pé realmente faz falta em Brasília, então gostei muito da sua iniciativa para 'abrir uma trilha' e divulgá-la. A proliferação dos botecos na cidade pode ser criticada, mas não existem dúvidas sobre o fato que também trazem convivialidade e confraternização entre os cidadãos brasilienses. Se essa convivialidade hoje ainda não acontece realmente na cidade, a sua rota certamente mostra que as coisas estão mundando; A cidade está se assentando, criando raízes e se adaptando mais à escala do pedestre.
Abraço!

Anônimo disse...

Roberto, muito legal esta iniciativa do "caminhar" em Bsb, cidade onde se diz que o homem tem cabeça, tronco e rodas...

Nestas suas andanças, qual o sentimento à respeito de rotas de acessibilidade? As pessoas com deficiência física ou necessidades especiais tem vez nestes caminhos? O que se deve fazer ou proporcionar neste sentido?

Grande abraço e parabéns pela criação deste espaço de discussão.

Roberto Guedes disse...

Acessibilidade... realmente um tema bastante controverso nessa cidade onde que cabeça, tronco e rodas representa os carros e não os cadeirantes. Por isso vejo na cidade muitas barreiras existentes que impossibilitam e até infrigem constitucionalmente o direito garantido a todos: o direito de ir e vir. Colocari um tópico sobre esse tema aqui no blog em breve...
Quero postar fotos e mostrar exemplos... E tem muito a ser feito, exemplificarei melhor no texto... gracias