terça-feira, setembro 26

A emoção de ser pioneiro...

Muito emocionado e honrado de voltar a UnB, aos 92 anos esbanjando muita lucidez e com olhar de quem muito já se estristeceu por causa de certas deturpações urbanas que a cidade sofrera, Ernesto Silva começou a falar com aquela voz de quem muito já lutou para ter as coisas concretizadas e que vivenciou para contar histórias.

Assim começava naquela tarde de quarta passada a Conferência 50 anos de Brasília... Ele iniciou com uma breve história de como Brasilia foi surgindo, desde José Bonifácio, missão Cruls, suicídio de Getúlio, Café Filho, Marechal Peixoto até a primeira carta que Juscelino manda pra ele a respeito da construção da nova capital.

Discorre sobre os conceitos da construção da capital, como a idéia de que aqui não fosse uma cidade grande, mas sim um pólo gerador de desenvolvimento da região. Reclama do direito de ir e vir, ironizando que aqui apenas existiu o direito de vir. Fala com primazia sobre outras cidades planejadas que mantiveram suas características originais como Washington e Camberra.

E a partir daí, a platéia atenta, observa um profundo respiro e uma pausa de quem pára, pensa e visualiza na sua mente toda uma trajetória vivida onde grande parte de uma vitória estava sendo sutilmente desconfigurada. Isso mesmo ele diz logo em seguida, reclamando da desconfiguração do plano diretor que estava ocasionando a deterioração da cidade, as escalas de Brasília estavam se descaracterizando... Fala sobre a deturpação dos comércios locais, da Ilhas do Lago, um residencial a beira do lago que infringe a escala bucólica prevista por Lucio Costa, as igrejas que se construiram por todos os lugares onde não havia previsão urbana, o grande caminhamento entorno do lago também previsto por Lucio, mas que agora as áreas públicas eram ocupadas por residências à beira do lago...

Diz que não sente desânimo, mas desespero, tristeza e fala da enorme dificuldade que foi contruir onde todos lutaram, não havia diferença, existia muita SOLIDARIEDADE!!! Todos centrados na construção, SEM INTERFERÊNCIA POLÍTICA!!! ERA A FORÇA DE CADA UM COM O SONHO PARA DESENVOLVER O PAÍS!!!

E daí ele fala e repete uma frase: "Se construímos Brasília com as mãos, estamos destruindo com os pés!"

E pra refletir mais um pouquinho, escrevo frases que ele mesmo citou de outros mestres da construção da nossa capital...

"A única defesa para Brasília está na preservação do Plano Piloto." J.K.
"Salvem Brasília" e "Deixemos ao esquecimento aqueles que não compreenderam Brasilia" Lucio Costa.

E por último, o carismático Ernesto disse:
"Não só ler, mas compreender o relatório do Plano Piloto!"

e eu dou a dica quem quiser ler o relatório, clique aí na linkoteca: Anexo Brasilia - 15 SR IPHAN.

Até mais.

terça-feira, setembro 19

Conferência: 50 anos de Brasília

19/09/1956 - Em memória dessa data, a Universidade de Brasília (UnB) preparou uma comemoração especial. O pioneiro Ernesto Silva fará uma conferência sobre os acontecimentos anteriores à edificação da capital nesta quarta-feira, dia 20, a convite do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Antônio Carpintero. Ernesto Silva foi presidente da Comissão de Mudança do governo de Juscelino Kubitschek, responsável por planejar a construção de uma nova capital federal. Ele preparou e autorizou a publicação do edital do concurso vencido por Lúcio Costa, e desempenhou várias funções importantes no processo de consolidação de Brasília. A palestra será às 16h, no Auditório Dois Candangos da universidade. A entrada é gratuita. Informações pelo telefone 3307- 2455.

50 anos atrás...

Há 50 anos atrás foi sancionada por JK a lei da construção da Capital Federal. O Congresso aprova por unanimidade o projeto, que se converte na Lei nº 2.874. Lançado o edital do Concurso do Plano Piloto. O edital foi publicado no Diário Oficial de 30/09/56.

Em 22 de outubro de 1956, iniciam-se as obras de construção da residência presidencial provisória, o futuro Catetinho, que será concluído em 31/10/56.

Em 15 de março de 1957, o projeto de Lúcio Costa foi escolhido vencedor. Observe-se que, nesta data, construções como a do primeiro aeroporto e a do Palácio do Alvorada já haviam sido iniciadas. Ou seja, a construção de Brasília se inicia em 56; a construção do Plano Piloto, já seguindo o projeto de Lúcio Costa, é que se inicia em 57.

Em 58 foi fundada Taguatinga. Embora ela ter sido criada como "a 1ª cidade-satélite", já existia na época a "Cidade Livre", atual Núcleo Bandeirante.

No dia 21 de abril de 1960, Brasília é inaugurada. As festividades da inauguração já haviam se iniciado às 16h do dia 20 de abril. Às 9:30h do dia 21/04, os Três Poderes da República se instalaram simultaneamente em Brasília.

Esta breve história é para relembrar como estamos aqui e para refletir sobre a vontade política de fazer a diferença. Agir e construir são muito mais difíceis do que apenas dizer e prometer.

referência histórica retirada do site: www.infobrasilia.com.br
foto retirada da revista eletrônica época - globo.com

quinta-feira, setembro 14

E haja sujeira nas ruas...

Repararam como as ruas, as vias, do DF estão cada vez mais sujas??? Haja santinhos, cartazes, panfletos, folders, faixas sempre com uma pessoa do lado... A maioria fica no chão ("olho da rua")... quanta imundice, o pior que muitas vezes são pessoas ditas educadas que jogam no chão. Mas o que aconteceu foi uma reportagem do DFTV 2ª edição que o rapaz entrevistado, morador de Santa Maria, disse: "Eles vêm aqui, pintam o muro da nossa casa e nem perguntam se pode...". Engraçado o domínio do espaço. Digo isso, pois dessa vez o espaço é privado. Imagina se é alguém de Santa Maria pintando o muro de uma das casa do Lago Sul ou Norte, Setor de Mansões... ERA MOTIVO PRA CASSAÇÃO...

Vai vendo, como falta muito ainda para consciência plena da sociedade... reflitam com amor...
O urbano interage com a política? pense nisso.

Debate na UnB...

Hoje teve um debate na UnB dos candidatos ao GDF. Bem, vamos aos fatos emocionantes:
Sr. Arruda não compareceu e a Abadia foi vaiada, porque falou o que não devia, mesmo tendo levado um ônibus de não-estudantes da UnB para lhe aplaudir... A vida é surpreendente... Quem fala o que quer, ouve o que não quer, muitas das vezes...

A íntegra da cobertura feita pela Assessoria de Comunicação Social da UnB:
http://www.unb.br/acs/unbagencia/ag0906-36.htm

Até.

quarta-feira, setembro 13

Seremos os primeiros???

Escutando a rádio, numa dessas propagandas de voto, o rapaz diz algo parecido: somos os primeiros no quesito urna eletrônica, os mais modernos e eficientes e evoluídos que dão exemplo pro mundo todo...
Pensando cá com meus botões e refletindo sobre uma conversa tida hoje com meu pai e também relendo comentários antigos colocados na matéria: "O governo tem que dar o exemplo!!!"- escrito pelo Matheus, cheguei a conclusão de que nossos políticos, as pessoas que governam, é que deveriam ser OS PRIMEIROS A DAR EXEMPLOS PARA O MUNDO TODO e não, apenas, muitas das vezes, trabalhar para o seu próprio umbigo COMO MUITA GENTE SABE ou sabe e finge que não sabe, não quer falar ou sei lá o que.

Em tempos de eleição, penso bem no voto, estou fazendo uma varredura histórica de cada candidato para saber, ou pelo menos pensar que sei, sobre a vida política de cada um.

Prezo apenas por uma Brasilia melhor. Sem mais... mais um desabafo preocupado com os rumos da cidade.

DÊ UM BOM EXEMPLO QUE ESSA MODA PEGA!!!

Axé.

Educação Patrimonial

Para os interessados em aprender um pouco sobre tombamento e preservação do conjunto urbanístico de Brasília, haverá um curso de graça tratando sobre os aspectos da cidade, desde sua concepção até os dias atuais, explicando o que significa o plano urbanístico de Lucio Costa e seu tombamento. As aulas serão ministradas pelos arquitetos da Divisão Técnica da 15ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para todos os interessados. De 20 a 22 de Setembro, das 8h as 12h, no auditório da Fundação dos Palmares (1° subsolo do Edifício Central Brasília, SBN). Inscrições: 3414-6162 / 3414-6172.

texto original Caderno Cidades - Correio Brasiliense - Brasília, 13 de setembro de 2006 - pág. 31